
PLAVE, HUNTR/X e Saja Boys. Foto: Divulgação
Grupos virtuais deixaram de ser apenas uma aposta futurista no K-pop. Com videoclipes animados, vocais reais e narrativas elaboradas, nomes como PLAVE, HUNTR/X e Saja Boys conquistaram as paradas e o público. O fenômeno marca uma nova fase na indústria, na qual a barreira entre o real e o digital é cada vez mais tênue.
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PLAVE: um grupo virtual com presença real
O PLAVE surgiu como um projeto independente, mas logo chamou a atenção do público por sua proposta ousada. O grupo é formado por cinco personagens — Noah, Bamby, Yejun, Eunho e Hamin —, todos com vozes interpretadas por artistas de verdade, cujas identidades são mantidas em sigilo.
Mesmo sendo uma animação, o grupo participa de apresentações ao vivo em tempo real com ajuda de tecnologia de captura de movimento. Eles lançam músicas originais, aparecem em programas de TV e têm fãs dedicados que organizam eventos, como acontece com grupos tradicionais.
O mistério sobre quem está por trás das vozes alimenta o engajamento. Tentativas de revelar os rostos dos intérpretes foram frustradas: os criadores pediram respeito à proposta artística. O objetivo, segundo a equipe, é manter o foco na experiência visual e musical proporcionada pelos avatares.
HUNTR/X e Saja Boys: sucesso global vindo das telas
A maior surpresa do ano veio do filme KPop Demon Hunters, uma coprodução da Netflix e da Sony. No longa, o trio feminino HUNTR/X é formado por idols que, além da carreira nos palcos, enfrentam demônios como caçadoras secretas. Do outro lado da trama, os Saja Boys assumem o papel de rivais enigmáticos.
O que era ficção ganhou vida: as músicas compostas para a trilha sonora se tornaram sucessos reais. A faixa “Golden”, de HUNTR/X, alcançou o primeiro lugar no Billboard Global 200, feito inédito para um grupo animado. Já os Saja Boys chegaram ao segundo lugar no Spotify dos Estados Unidos com o single “Your Idol”, ultrapassando gigantes como BTS.
O impacto foi além das plataformas musicais. O filme entrou no Top 10 da Netflix em 93 países, liderando a audiência em pelo menos 33 deles. A estratégia combinou produção cinematográfica de alto nível, trilha sonora envolvente e marketing voltado ao fandom global.
Por que os grupos animados funcionam?
Analistas apontam que a ausência de identidades fixas reduz disputas entre fãs. Sem “bias” definidos (o termo usado para o membro favorito de um grupo), o público se sente mais livre para consumir a arte, sem as pressões ou divisões comuns nos fandoms tradicionais.
Além disso, os projetos animados oferecem liberdade criativa. Coreografias impossíveis no palco são viáveis em animação. As narrativas ganham continuidade em clipes e redes sociais, criando um universo próprio, com personagens que evoluem e interagem com os fãs como se fossem reais.
O som também é levado a sério. Músicas como “Golden” e “Your Idol” foram produzidas por nomes respeitados da indústria, com arranjos complexos e letras que não deixam a desejar frente aos maiores sucessos do gênero.
Curiosidades sobre PLAVE, HUNTR/X e Saja Boys
O nome PLAVE mistura as palavras Play e Rêve (sonho, em francês), simbolizando um universo onde fantasia e realidade se encontram.
HUNTR/X foi inspirada em conceitos de videogame e mangá, com cada integrante representando um arquétipo clássico de heroína asiática.
Os Saja Boys têm um conceito mais sombrio, remetendo ao estilo dark fantasy (fantasia sombria). “Saja” significa “leão” em coreano, e o grupo é retratado como uma força caótica e carismática.
A dublagem e o canto de todos os personagens são feitos por idols em treinamento ou artistas que já atuaram em outros grupos menores, embora seus nomes ainda não tenham sido oficialmente divulgados.
O que vem por aí
O sucesso abriu portas. Estúdios planejam continuações e produtos derivados. Já circulam rumores sobre um possível crossover entre os personagens e idols reais, com BTS sendo cogitado para colaborações futuras. Além disso, eventos como shows virtuais, lançamentos físicos de álbuns e até fanmeetings com realidade aumentada estão em desenvolvimento.
O K-pop, que já havia rompido fronteiras linguísticas e culturais, agora rompe as barreiras físicas. Se antes os idols eram definidos por presença de palco, agora brilham também através de pixels — e o público parece pronto para a nova era.